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Nossa felicidade, como as batidas de nosso coração

  • Foto do escritor: Bruno Peixotto
    Bruno Peixotto
  • 31 de mar. de 2020
  • 12 min de leitura

A quarentena nos faz pensar, e na durante a minha estive pensando em tudo que vivi e nas escolhas que me trouxeram até aqui, e posso dizer que depois de muito, compreendi , ou acho que, como aproveitar a felicidade, não que antes eu não fosse, e tive um período de extrema felicidade, graças as forças maiores nunca estive no momento oposto, esse movimento da felicidade eu chamo de eletrocardiograma temos que ter os altos e baixos se mantivermos uma linha sem oscilações significa que estamos mortos .

Não li o livro de Mark Marvison sobre a arte de ligar o F**a-se , mas há uns cinco anos eu acho que apertei o botão, mas vou contar um pouco de mim desde a infância. Era uma criança inocente como qualquer outra, brincava, dançava muito, sempre amante das artes, mesmo não tento talento algum pra elas, feliz, espontânea, contagiante, curiosa e até um pouca gananciosa já, não que esse paragrafo seja de grande importância, é só para o contraste da adolescência.

Na adolescência, que jogue a primeira pedra o jovem , que nunca se sentiu perdido, estranho, e que não pertencia a algum lugar, como não sou mais especial que ninguém, também passei por isso a diferença talvez tenha sido que nessa época percebi, que era diferente dos meus primos e de 99% dos demais alunos da escola, todos já haviam percebido minha diferença, exceto eu quem deveria saber. O ano de 2009 foi quando as mudanças começaram a acontecer, despertei a atração homossexual, conheci e fiz parte dos “primeiros” bissexuais da escola, hoje quase todos são homo, mas durante muito tempo essas pessoas foram meu refugio, onde se falava abertamente e sem medo sobre quem gostávamos, sem se preocupar com a opinião alheia.

Nesse momento de mudança, as características da criança feliz, se perderam e deram lugar a uma pessoa amarga, infeliz, egoísta, rebelde, antissocial e arisca, de todas aquelas características infantis as que permaneceram intactas, até hoje , foram: ganancia, vontade e determinação de ser o melhor, comecei a me isolar porque sabia que eu ser diferente teria uma preço, como realmente se assumir com 14, 15 anos, não tinha estrutura, pelo contrário tinha medo e creio que o pior o sentimento de culpa , por ter nascido da maneira que nenhum genitor deseja, tinha medo de contar a verdade e machucar meus pais, mais ainda minha mãe que é mais frágil , será que valeria a pena faze-la ter uma crise de depressão só pra que eu pudesse ser livre? Então por não ter com quem conversar, por escolhas minhas, ter excluído as pessoas que mais me amavam do meu entorno achando que assim os protegeria, fiz o oposto e machuquei a todos nós.

Mas como se não bastasse 2009 foi o ano das mudanças, quando fomos obrigados a sair da escola que muitos como eu frequentou por 8 anos ou mais, os repetentes, nessa época descobri que existia o SENAI, e se podia estudar de graça, época essa de sair do ensino fundamental e ir pro médio, existia ETECs, e foi ai que comecei a “viver para agradar”, e pior viver para compensar, mas compensar o que ? o fato de ser gay estudando e sendo o melhor. Dezembro chegou já havia dado meu primeiro beijo homo, e tinha que fazer as provas dos curso. E fiz porém com a ganancia e vontade de ser melhor me inscrevi na melhor ETEC de São Paulo , Getúlio Varga no Ipiranga, e no primeiro SENAI, e também considera o melhor , Roberto Simonsen no Brás. Extremamente ganancioso como um aluno de escola pública sem cursinho preparatório passaria nessas provas? Eis que a primeira resposta saiu SENAI, curso de aprendizagem Industrial patrocinado por um ONG, mas era SENAI, curso de Mecânica de Usinagem, algumas semanas depois, o resultado da ETEC, por 0,1 não fui aprovado para aquela, se houvesse me inscrito em qualquer outra teria feito meu ensino médio em um ETEC.

Começou então meu 2010, como o curso era no Brás, região central de São Paulo, e eu morador da periferia , deveria estudar mais próximo, assim iniciando minha vida de estudar pela manhã no médio, pela tarde no técnico, anoite fazer trabalhos, e meu pai como sempre me apoio, me matriculou no curso que mudaria minha vida, meu curso de inglês aos sábados. Eu tinha orgulho de ser tão ocupado e me achava melhor que alguns amigos, vizinhos, e familiares , por eu são ser vagabundo como eles, e poder compensar a minha sexualidade com o esforço de ser O CARA. No SENAI, descobri que meu curso não era o melhor por ser patrocinado pela ONG, era carga reduzida, logo eu com o grande defeito de querer agarrar o mundo com as pernas, ditado que um professora de matemática me ensinou, prestei a prova outra vez para mudar de curso e ir para um melhor, e consegui, sai de um curso de 800 horas para um de 2400, pela carga horaria maior, o curso tinha duração de 2 anos um sendo integral e outro meio período e fiz as mudanças necessárias, para estudar manhã e tarde no SENAI, ensino médio no período Noturno , e o inglês, aos sábados.

Com a mudança de curso, conheci uma turma nova de alunos, e um desses colegas de sala era extremamente homofóbico, e queria me agredir, primeira vez que me deparo com a agressão física, insultos e piadinhas já não me causavam efeitos, cresci com isso. Esse aluno não chegou a me agredir fisicamente em nenhum momento, e consegui mostra-lo que era e sou uma pessoa como qualquer outra e nos tornamos amigos, a ponto dele me dizer que se algum namorado me fizesse mal era pra contar pra ele que ele ne defenderia, quem diria olha o mundo e suas voltas.

Comecei a namorar um garoto do bairro, por volta dos 16 anos ,enquanto estava nesse curso, e eis que minha família já estava desconfiada da minha homossexualidade, e tive uma invasão de privacidade gigantesca, onde meu pai ligou na operado do meu celular, e pediu o histórico de chamadas e mensagens,e como o chip era no nome dele e não existia WhatsApp, tudo era SMS , porém só descobri o método anos depois, o expurgo do armário aconteceu em dezembro de 2011, mas essa cena tem que ser detalhada.

Estava na formatura de alguns amigos no SENAI, e meu telefone toca meu pai com uma voz diferente me mandando ir pra casa, eu como se algo divino já tivesse me alertando me despedi dos amigos, dizendo – Eles descobriram; fui embora chegando em casa, já estava tudo organizado de uma maneira que eu ficasse no meio e de frente pros meus pais e eles me encarando, meu pai é quem fez a pergunta que eu mais tinha medo de ouvir:

–Você é gay Bruno ? Quem é Fulano?

Eu um adolescente que queria contar a verdade e se ver livre daquilo que me consumia, ao mesmo tempo não queria que fosse naquele momento aos 16 anos, morando e dependendo inteiramente dos pais, meus planos eram sim contar quando já fosse independente financeiramente e minha vida não precisasse de ninguém além de mim. Mas ainda assim não consegui dizer uma palavra se quer para as perguntas dele e ver minha mãe na minha frente chorando, a cada pergunta me matava por dentro, mas me sentia de mão atadas. Terminado as perguntas, me obriguei a dormir as 16:00 da tarde com a esperança do pesadelo ter terminado.

Quando acordei meu pai já não estava, havia saído com o carro ,e eu conversei com minha mãe, quer perguntou quem sabia e o discurso de sempre de que é uma fase somente e vai passar, o engraçado foi no dia seguinte minha gaveta amanheceu cheia de camisinhas e uma bíblia, fiquei como: –Oi??? Um pouco contraditório não?

Fomos para uma chácara em Bragaça Paulista para a virada de ano em família, onde tive que levar uma amiga, pra não passar sozinho das 00:00, porque a família passava na chácara e eu, sempre o diferente queria bagunça , e não me sentia parte deles, a ponto de não utiliza nas redes sociais, e saber que todos sabiam e me olhavam diferente( na minha cabeça sim) me matava. Depois do dia 01 fomos a praia e enquanto todos se divertiam pela casa eu me trancava no quarto mais isolado da casa , como disse a felicidade deles me machucava , já que eu não poderia ser eu mesmo.

Ao voltar pra casa em meados de janeiro, como todas as escolas estão em período de rematrícula o inglês não poderia ser diferente, quando fui dar a noticia aos meus pais, sobre a rematrícula a resposta que eu tive de um deles foi: –De que adianta fazer tudo isso e ser assim ? Essas palavras me doeram muito durante anos, porque eu realmente só fazia tudo aquilo, os cursos, para compensar o fato de ser gay, o que provou ser inútil, segurei firme e segui de cabeça erguida, rematrícula feita e frequentando o inglês, mas não satisfeito com a resposta que obtive deles, prestei o Vestibulinho do IFSP- Instituto Federal de São Paulo, e mais uma vez passei provando ao menos pra mim que sim eu era capaz, e “o cara”, como sempre imaginei.

Educação aparte, e o que aconteceu com o namoro ? terminamos, já que eu estava em uma espécie de cárcere privado, e estudando manhã, tarde, noite e sábado o dia todos e descansando domingo terminamos por SMS, eu como eu pisciano de verdade, sofri fui atrás, mas não teve jeito. Um dia em um aniversario de uma amiga, estou dançando e acabo ficando com um dos convidados, chega o ex, que havia ido atrás de mim depois de 2 meses, nosso namoro havia durado 4,ele vê e me chama pra conversar e ali eu tive minha primeira experiência de um relacionamento abusivo, enlouquecido de ciúmes me deu um tapa na cara, e eu dizendo que ainda gostava , mas que eu me pediu pra seguir a vida, BAAM, veio o segundo, e eu simplesmente não tive reação alguma, passou e hoje e a vida seguiu.

Comecei a ter minha liberdade de novo, já que voltou as aulas e estudava todos os períodos todos os dias, segui minha rotina normalmente de estudos e aquele elefante branco sempre na sala comigo, passaram-se meses e conheci outro moço, que gostei muito, durante muito tempo, e mesmo com a diferença de idade de 5 anos, não tínhamos nenhum problema, até ele ser promovido no trabalho e ir morar em outro estado, e como pedir a um garoto de 17 anos pra ter um relacionamento a distancia, com tudo que estava acontecendo a minha volta? Termino foi inevitável, mas a amizade , respeito e o carinho prevalece através dos anos.

Terminei o curso do SENAI, entrei em outro curso ainda querendo provar meu valor pros demais, comecei a trabalhar meio período e fiz amizades, que levarei pra vida, mas sobre os cursos essa vida de faixada já estava em esgotando tanto que não terminei os dois últimos cursos iniciados, mas ainda me faltava a ultima meta a ser atingida a da universidade pública, e eu como já havia passado em quase tudo que havia tentado, pensei que seria assim com a USP também que seria a cereja do meu bolo de conquistas , para os outros. Fiz o vestibular e a resposta foi, obviamente que negativa, a ponto de não ser classificado para a segunda chamada. Ali comecei a despertar e aprender a ser mais humilde, pois achava que por fazer tudo que fazia, mesmo que pra mostrar pros demais, eu era melhor e superior, e a FUVEST me provou que não.

Acabou meu estagio, não havia ingressado em uma faculdade o que eu vou fazer da vida? Fui trabalhar de telemarketing, trabalho que eu menospreza, pois achava que eu era mais que aquilo, mas trabalhei durante 8 meses, e havia entrado num cursinho, afinal focando nos técnicos não me importei pro ensino médio , trabalhava para a hotéis.com, e do trabalho ia para o cursinho, final do ano veio o resultado, e fui finalmente aprovado na USP, onde disse que entraria e consegui.

Em 2015 aprovado na melhor universidade do Brasil, esfregando na cara de todos que tinham prazer em perguntar quando eu começaria a faculdade, já que pessoas mais novas já haviam ingressado, quando eu fiz o post no Facebook, essas mesmas pessoas nem sequer curtiram e teve cerca 500 likes, inveja? Não sei ,mas que incomodou isso sim aconteceu. Já tinha planos de sair de casa, afinal queria poder viver minha homossexualidade abertamente, sem medo de estar ofendendo alguém, e consegui graças ao auxilio para alunos carentes da universidade, no dia do meu aniversário de 20 anos, saiu o resultado da moradia e que eu poderia, começar a ter minha liberdade. No mesmo mês em que entrei na USP, dei meu primeiro passo como professor, profissão que amo e sempre quis seguir.

Por entrar na USP, começar a dar aula, pedi demissão do meu trabalho de atendente, mas sou muito grato a esse trabalho, pois aprendi muito, minha vida parecia estar entrando nos eixos, e estava mesmo, gostava das aulas, tinha liberdade, ia para quase todas as festas que tinham espalhadas no campus, e assim foi minha vida até outubro desse mesmo ano, quando conheci o cara que mudou minha vida radicalmente, nos conhecemos como muitos casais modernos pelo celular, não entrarei em detalhes, mas não tinha me interessado nele no começo e nem eu a ele, mas quando nos conhecemos logo na primeira vez ele se abriu todo e eu me encantei por ele.

Com esse homem, me senti seguro, feliz em ser eu mesmo como nunca havia sentido, ser aceito por sua família, me encheu os olhos de esperança e felicidades, mas também me deixava constrangido por não poder dar-lhe o mesmo, mas depois de 8 meses juntos, eu finalmente tive coragem de contar pros meus pais sobre ele, e disse que estava namorando, mas como não dependia deles, não estava pedindo permissão muito menos aprovação, mas que queria que soubesse, pois queria poder compartir minha vida com eles, como era na infância. Eles por outro lado relutaram muito a aceitar, mesmo já tendo passado cinco anos da cena sobre se assumir, concordo que foi imposto por mim o primeiro contato, e errei da maneira com que fiz isso, tanto que meu pai não foi ao lugar que eu tinha planejado para apresenta-los.

Passou o tempo e finalmente me abri pra alguém da família, meu irmão que na estação São Bento do metrô conversou comigo, chorei muito tirei tudo que tinha preso no peito e entalado na garganta, e dei o primeiro passo para o f**a-se, que se eles não aceitassem minha vida, e felicidade, eu não poderia fazer nada, porque cada um tem a sua vida pra viver e fazer o que quiser com ela. Mas o eu mais me surpreendeu foi ter o respaldo de um garoto de 16 anos e saber que ele abriu a cabeça dos meus pais, para que não em perdessem mais do que já haviam perdido.

Com o tempo o garoto que havia se fechado do mundo e da família, voltou estava lá alegre feliz e podendo realizar o sonho de ser ele mesmo com a pessoa que ama do lado, a realização e confirmação disso foi no vigésimo segundo aniversário onde estava repleto de pessoas que me aceitavam, respeitavam e amavam como eu era indiferente com quem eu me deitasse.

A relação com esse rapaz, foi ótima, claro problemas, sempre existem, e muitos eu imaturo, e com uma criação de certo modo mimada, buscava, mas vivemos bem durante os três anos que passamos juntos, tínhamos uma vida de casados, com cachorro e tudo, porém eu decidi que queria conhecer o mundo e ganhar dinheiro fácil, ou ao menos pensava ser fácil, assim, aceitando trabalhar em cruzeiros de viagem pelo mundo. Desse momento em diante se tinha algo que não estava bem no relacionamento ficou pior, e não foi conversado nada, sobre essa partida, e separação, não que não existisse amor mútuo, sim existia, e aqui ainda existe, mas não estávamos preparados pra mudança drástica e uma terça feira pra quarta. E a distancia que estava física, foi se tornando cada vez mais dolorida, onde os dois se machucavam, mas ainda assim tentamos, e eu cometi muitos mais erros que ele, e o perdi.

Ao embarcar tudo é novo, começando que sua casa é seu trabalho, os lugares visitados pelo mundo, os idiomas as pessoas, eu não tinha tempo de sentir falta, tanto quando ele, que tinha a nossa rotina,sem que eu estivesse lá, e pra ele foi muito mais difícil que pra mim, nesse aspecto, e eu louco ciumento possessivo, mesmo longe queria controla-lo , disse que o tapa foi o primeiro relacionamento abusivo que eu tive, sim eu era o abusador com ele que não merecia, o afastei de tudo e todos, por eu ter um gênio forte, personalidade difícil, e achar que não ser falso era dizer as verdades pros demais, e nisso eu o machucava sem saber, e por mais que me dissesse para que eu não fizesse mais, nunca parei, até perder.

Enquanto estava abordo perdi muito não só o cara da minha vida, mas aniversários, chá de bebês, familiares e de longe não poder fazer nada além de acompanhar via rede social, aprendi muito abordo, é uma vida insana, e lá sim eu aprendi a ser uma pessoa melhor, humilde, reconhecer os erros, e a pedir desculpas e perdão por sentir e não da boca pra fora.

Comecei falando sobre felicidade, hoje eu sou feliz? Sim sou feliz todos os dias, não estou no meu pico, mas também não estou no meu vale, aprendi a tirar a felicidades dos momentos em que estou, cada sorriso é único, cada abraço cada segundo, seja ele positivo ou negativo pra você, um conselho de quem já perdeu, caiu, feriu e foi ferido, aproveite, mesmo que esteja em um lugar que não queira estar não é tudo ruim ,sempre terá algo bom ali pra ser disfrutado, nem que seja a brisa, ou o luar se apegue as coisas, boas da vida, seja positivo, ame intensamente, não machuque ninguém intencionalmente, mas ligue o f**a-sepra poder viver sem amarras e intensamente.

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